Vida Privada e Vida Pública
Nos dias atuais, é muito comum haver uma confusão entra a vida privada e a vida pública das pessoas, devido ao avanço da tecnologia e às redes sociais. Isso certamente é algo que a maioria das pessoas não se dá conta para pra pensar nas consequências. O texto de hoje fala sobre consequências jurídicas do compartilhamento de informações.
Primeiramente, no mundo de hoje a informação vale mais que o
dinheiro – obtém-se dinheiro fazendo uso de informações, o que por si só já
demonstra qual bem possui maior valor. Eike Batista, em sua época conhecido
como um dos maiores empresários brasileiros de todos os tempos, foi condenado
por uso de Informação Privilegiada para enganar o mercado financeiro.
A informação então é uma commodity
muito valiosa em todos os pontos da vida, por isso torna-se cada vez mais
necessário separar o que a tecnologia uniu – a vida pessoal e a vida pública.
Fora de casa o indivíduo deve se portar de um jeito e, em sua vida privada, de
outra, evitando ao máximo essa comunicação. Essa orientação segue o princípio
de que o lar é o asilo inviolável do indivíduo e, portanto, sua vida pessoal é
inviolável. Ainda assim, as pessoas insistem em torná-las públicas.
As consequências jurídicas desses eventos é simples: se você
une a vida privada e a pública, não pode invocar proteção de privacidade para
os atos que você próprio torna públicos. Como exemplo, cite-se que determinada
profissão exija que a pessoa se abstenha de excessos em público, e
rotineiramente algumas pessoas que exercem essas profissão sejam vistas em
fotografias e vídeos extremamente alcoolizadas – quase sempre publicados pela
própria pessoa.
Vamos exemplificar com dois casos, um em que a vida pública
toca a privada e um que a vida privada toca a pública e qual a consequência em
ambos os casos.
O primeiro caso, a pessoa goza de fama e, portanto, é
constantemente vigiada em seus afazeres diários enquanto estiver exercendo sua
profissão. Depois de um dia de trabalho a pessoa deseja entrar em sua casa e
nadar em sua piscina. Enquanto nada, um fotógrafo paparazzi tira fotos dessa pessoa em roupa de banho e tenta vender
em jornais. Consequência jurídica: este fotógrafo será indiciado criminalmente
e todos aqueles que publicarem essa foto também receberão visita de Oficiais de
Justiça para processos cíveis. Isso ocorre porque houve uma violação direta da
imagem da pessoa, ela estava no lar descansando e sua privacidade foi invadida
por um fotógrafo que se utilizou de meio ilegal para conseguir as fotografias.
Essa invasão de privacidade ocorre porque não foi dada permissão ao fotógrafo
para tal e ele o faz de maneira clandestina, logo, praticando crime. Não pode
invocar violação de privacidade, entretanto, pessoa famosa que vai a um evento
que sabe ser coberto pela mídia para aparecer e acaba tendo comportamento
lamentável – nesse caso, a pessoa se expôs voluntariamente a estar na frente
das câmeras.
No segundo caso, uma determinada pessoa acaba por abusar no
álcool em uma festa e outras pessoas filmam, enviando o vídeo até mesmo no
local de trabalho da pessoa, que acaba sendo mandada embora. Nesse caso, quem
filmou e quem veiculou o conteúdo
danoso pratica delito e poderá ser processado pelo dano que causou. Diferente
situação seria se a própria pessoa pedisse para ser filmada para publicar em
rede social própria de visibilidade a todo público.
Notem, leitores, que a chave para saber se houve dano no uso
da informação é o consentimento em sua veiculação: informações privadas e
sigilosas não devem ser amplamente divulgadas assim como não se tutela aquelas
que são veiculadas livremente por pura e espontânea vontade. Por essa razão
específica, nós do Direito de Saber recomendamos que cada um faça uma avaliação
das informações próprias que fazem parte da vida pública e da privada e não
deixem que elas se comuniquem, procurando sempre um advogado para orientar no
caso de outra pessoa, de maneira ilegal, fazer essa comunicação e causar danos
à pessoa, que as vezes podem acabar sendo irreparáveis. Uso consciente das
próprias informações significa se proteger e ter uma vida mais digna, longe da
vigilância eterna do Big Brother de
George Orwell, hoje conhecido como Redes Sociais.
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